Sabe quais os copos mais adequados para usufruir inteiramente da experiência de sensações associadas a beber um bom vinho?
Hoje em dia existem já vários estudos científicos que evidenciam a importância do formato dos copos de vinho.
Num dos quais, em 2015, um grupo de medicina japonês utilizou uma câmara especial para gravar as imagens dos vapores do etanol, em vários tipos de copos. Nesse seu estudo, o grupo conseguiu demonstrar como os diferentes formatos dos copos afectam a densidade e a disposição dos vapores na região do topo abertura de diferentes copos.
E porque é que os vapores são tão importantes?
De facto, eles transportam as componentes aromáticas do vinho até ao nosso nariz. Esses aromas são responsáveis por produzir a maior parte dos sabores do vinho.
Assim, o prazer que o vinho proporciona aumenta, de facto, quando este é apreciado no copo mais adequado, que valorize as suas particularidades e realce as suas qualidades. O seu design – tamanho, forma e haste – é criado a pensar num certo tipo de vinho.
A complexidade e intensidade com que sentimos os aromas do vinho variam com o tamanho e configuração do balão dos copos, que também podem influenciar a percepção dos gostos na passagem do líquido pela boca.
Usar um copo de proporções adequadas, transparente, de vidro fino e de boa qualidade, ajudará a apreciar todo o potencial do vinho. Não é preciso gastar fortunas, mas é um investimento que vale sempre a pena !
Começando pelo tipo de material, podemos desde já excluir todos aqueles que não sejam completamente transparentes. Afinal, parte do prazer de degustar um vinho também está em olhar para suas tonalidades, que dão dicas sobre o tipo de uva e idade do vinho.
Cristal ou vidro?
Ora, a diferença entre eles está na presença e teor de chumbo – um metal utilizado na sua produção. Os copos de cristal têm até 24% de chumbo, enquanto os de vidro não têm. O chumbo dá mais leveza, delicadeza e sonoridade, além de fazer com que a espessura do copo seja mais fina. Os copos de cristal também são mais porosos. Esse factor é também positivo, pois, ao girarmos um vinho enquanto o degustamos, forçamos as moléculas contra a parede áspera, quebrando-as e, desse modo, obtendo grande concentração de aromas.
Para além disso, é também importante que os copos possuam um boa haste de forma a evitar que o calor das mãos aqueça o vinho e até que o seu cheiro se misture com os aromas que nos atravessam o nariz durante a prova.
Vamos, então, agora especificar quanto a formato adequado para cada vinho…
Vinho Tinto
O vinho tinto precisa de espaço para respirar, pois tem aromas e sabores muito intensos. Por isso, o copo tem um corpo maior, fazendo com que se liberte toda a sua potência. O formato é também ideal para que a bebida possa “dançar”. Por esse motivo, também é importante lembrar que este copo deve apenas ser preenchido até um terço de sua capacidade!
Existem dois tipos comuns de copos de vinho tinto: Bordeaux e Borgonha, baptizados com esses nomes por causa das famosas regiões produtoras da França.
Bordeaux
Estes copos foram pensados para abrigar vinhos mais encorpados e ricos em tanino, feitos principalmente a partir da uva Cabernet Sauvignon. Possuem um bojo grande mas são pouco redondo, para evitar a dispersão de aromas, concentrando-os
Assim, graças ao seu topo mais largo, este copo torna os vinhos mais suaves e aromáticos, acalmando os fortes picantes e a acidez dos taninos, e deixando que o etanol evapore melhor. O seu fundo menos redondo permite que os aromas se dissipem mais rápido, não sendo tão intensos no nariz.
É indicado para as castas Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Alicante Bouschet, Syrah, entre outras.
Borgonha
Os vinhos do Borgonha são mais complexos e delicados, produzidos principalmente com a uva Pinot Noir. Os copos são em formato balão (ou seja, com um bojo maior do que as Bordeaux), o que permite que os aromas se desenvolvam bem e explorem bastante o nariz.
Este seu formato direcciona o fluxo do vinho acima da ponta e do centro da língua, diminuindo a acidez e acentuando as qualidades mais arredondadas e maduras do vinho. Além da Pinot Noir, também é ideal para que sejam apreciados vinhos de Rioja tradicional, Barbera Barricato, Amarone, Nebbiolo, entre outros.
Vinho Branco
Na maior parte dos casos, os aromas dos vinhos brancos distinguem-se melhor em copos em forma de túlipa, semelhantes aos dos tintos, mas mais esguios e com um corpo menor.
Estas características ajudam a preservar as baixas temperaturas a que estes devem ser provados, pois, assim, existem menos trocas de calor com o ambiente. Para além disso, estes copos preservam e desenvolvem os aromas florais dos brancos e realçam a acidez do vinho.
Para brancos mais encorpados, como Chardonnay carvalho envelhecido, Viognier e Rioja branca, utilizam-se copos com um bojo mais largo, de forma a enfatizar a sua textura cremosa.
Vinho Rosé
Os rosés possuem os taninos dos tintos, mas os aromas dos brancos. Por esse motivo, o copo deve ser pequeno, tal como os dos brancos, mas mais largo que estes, de forma a acentuar a acidez do vinho, equilibrando assim a sua doçura.
Vinho Espumante
Para um champagne ou um espumante comum, os copos devem ser altos e estreitos, tal como o comum flute. Estes são aqueles que melhor contribuem para a produção contínua de bolhas finas, um sinónimo de qualidade deste tipo de vinhos.
Devem ser elegantes, feitos de um material fino, como o cristal, de forma a não interferir com a prova, e estreitos o suficiente, de forma a conseguir usufruir de todos os aromas, da acidez e dos sabores profundos deste vinho.
Assim, não se esueça que estes copos não devem ser estreitos demais! Caso contrário, os aromas próprios do vinho não se irão fazer sentir e a prova irá perder grande parte da sua qualidade.
Vinhos Fortificados
O Vinho do Porto, o Moscatel de Setúbal e o Vinho Madeira são servidos em pequenas quantidades de cada vez. Por isso, o copo mais correcto para os apreciar é habitualmente mais pequeno, apesar de a forma ser semelhante à dos copos mais comuns para brancos e tintos. Este seu formato ajuda a conduzir o fluxo do vinho directamente para a ponta da língua, região onde os sabores doces são mais percebidos.